segunda-feira, 24 de maio de 2010

Seleção, Formação e Capacitação do Homem de Inteligência

Primeiramente, é notório saber que o homem de inteligência é um individuo ligado a uma determinada organização que necessita de um trabalho especifico, no caso, uma “atividade de inteligência” ou “serviço de inteligência”. Contudo, tal indivíduo necessita ser selecionado e capacitado para exercer esta atividade, uma vez, que esta, demanda uma notória capacidade intelectual a acima de tudo, possuir condição de fidelidade à organização.

A capacidade intelectual faz-se necessária uma vez que o mundo das informações e do conhecimento esta sempre em constate mutação, logo, a expertise do conhecimento deste indivíduo não pode em momento algum ser estática, ela deve ser tácita, ou seja, além das habilidades técnicas, precisa-se da prática, e isto leva certo tempo para se adquirir.

É fundamental ter sempre claro que a atividade de inteligência possui base sólida denominada a “tríade da inteligência”, que se fundamenta a partir de seus pilares, sigilo, legalidade e ética. Concomitantemente, o homem da inteligência deve necessariamente atuar respeitando e cultuando tais conceitos, como o norte que o guiará em suas diversas empreitadas.

Algumas questões devem estar bem claras para o melhor entendimento desta dissertação, como por exemplo, qual a finalidade de uma organização quando esta contrata uma pessoa capacitada para atuar na inteligência?
A primeira resposta está diretamente ligada à necessidade de um trabalho investigativo, de acordo com Luiz (IPONEMA, 1996): “Investigação, portanto, é o trabalho executado, normalmente, pelo investigador, procurando esclarecer detalhes de fatos, com a preocupação de identificar pessoas com eles relacionadas”. Para tal, e como segunda resposta, é que se faz necessário para a organização, o emprego de um profissional dotado de habilidades específicas, que, assegurará o sucesso da missão sem futuros ou possíveis prejuízos, com relação à imagem, segurança e legislação.

Ainda lançando mão dos ensinamentos do professor Iponema, é notório destacar que o ato de investigar exige do profissional: “inteligência, criatividade, perspicácia, percepção e persistência”.

As organizações especializadas em formar profissionais para atuar na área de “Inteligência” possuem em sua grade curricular alguns pré-requisitos fundamentais para a escolha do candidato à profissão. Luiz Iponema elenca as seguintes qualidades que devem estar presentes nos profissionais de inteligência:

Vigor físico: Por que não terá hora certa para o seu trabalho de investigação, nem dia certo da semana. Poderá até trabalhar várias noites.
Autodisciplina: Porque vai enfrentar situações que o testarão no seu controle interior.
Rapidez de raciocínio: Porque deve ter soluções para cada nova que se apresente durante as investigações.
Inteligência: Porque deve perceber de imediato qualquer informação que chegue a seu conhecimento.
Autoconfiança: porque enfrentará tudo sizinho. Confiando somente em suas potencialidades pessoais.
Habilidade de expressar-se: Porque vai contatar com todas as espécies de pessoas de níveis sociais bem diferenciados.
Discrição: Porque deve manter o mais absoluto sigilo de tudo o que faz ou que pretende fazer.
Capacidade de observação: Porque nada lhe poderá passar despercebido por onde andar.
Bom senso: Porque nem sempre o óbvio acontece.
Iniciativa: Porque percorrerá caminhos inéditos e poderá enfrentar surpresas que exigirão decisões imediatas.
Perspicácia: Porque o delinqüente é inteligente e criativo.
Engenhosidade: Porque deve criar suposições muitas vezes consideradas impossíveis.
Boa memória para nomes: porque vai lidar com um número considerável de pessoas. (IPONEMA. 1996, 2. Ed. P. 13).

Avaliando estas habilidades,é mister o fato de que este candidato possua uma virtude muito importante que está no fato de poder lidar com as frustrações. É notória esta observação, uma vez que, pode ocorrer do agente de inteligência não conseguir fechar sua missão com o êxito esperado, por fatores que podem fugir das condições esperadas e de sua habilidade naquele dado momento, mas, podendo servir como forma de aprendizado se for detentor de tal virtude.

As prerrogativas supramencionadas são características que o homem de inteligência deve ter consigo antes mesmo de ser pretendente à profissão de “inteligência” ou investigação. É certo que algumas delas podem ser desenvolvidas durante um intensivo e bom treinamento, mas a maioria, são qualidades específicas que nem todas as pessoas detém, tratando-se de algo inerente à personalidade do indivíduo, ou seja, sua subjetividade. Na conjuntura atual vale ressaltar que a “competência digital” é uma área do conhecimento que o agente da “inteligência” deve ter e manter-se sempre em processo de reciclagem.

Após está pré-seleção, o homem de inteligência será submetido a um treinamento que o colocará em condição de agir de acordo com as seguintes atribuições delimitadas pelo professor Iponema:

• Capacidade de harmonizar o seu caráter com o entrevistado.
• Não deixar que suas emoções se envolvam em qualquer situação.
• Não prejulgar.
• Subjugar todos os preconceitos.
• Receber e considerar todas as informações.
• Aplicar todas as suas faculdades, visando tão o seu objetivo oficial.
• Saber aplicar truques quando necessário.
• Considerar sempre o suspeito como inteligente.
• Evitar zombarias e atitudes desdenhosas.
• Não citar personalidades, religião, política e assuntos controversos.
• Ser um bom ouvinte.
• Ser sério, paciente e persistente.
• Demonstre autoconfiança.
• Não gritar.
• Não ser arrogante.
• Cumprir todas as promessas.
• Ser justo.
• Não menosprezar as pessoas.
• Não demonstrar nervosismo.
• Tentar conquistar a confiança da pessoa.
• Procurar falar a altura e empregar as mesmas formas de expressão da pessoa.
• Observar atentamente os mínimos gestos, expressões faciais e cacoetes da pessoa.
• Influenciar pela amabilidade, não descurando a firmeza. (IPONEMA. 1996, P. 38).

Concluindo, pode-se afirmar que a seleção para a escolha do homem que atuará na “inteligência” é uma “peneira” muito fina, haja vista a condição minuciosa que tal atividade requer, devendo estar sempre presente a disciplina, hierarquia, respeito e ética. Tais requisitos são fundamentais para o alcance íntegro dos objetivos organizacionais, uma vez que, o mundo globalizado exige cada vez mais do intelecto de dedicação dos envolvidos neste contexto.

Autor do texto: Junio Luis Ferreira Sena

Bibliografia:
IPONEMA, Luiz. Investigações sigilosas na empresa. 2. Ed. Porto alegre: 1996.

Um comentário:

  1. quero participar de uma selecao pra treinamento e servico de inteligencia

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